terça-feira, maio 19, 2009

Pequenas vozes que não se ouviam.

Quirino de Jesus, conselheiro de Salazar, antes de morrer, advertiu-o para a necessidade de reformular a Censura que se aplicava, alertando para os benefícios que as críticas poderiam trazer para uma melhor governação:

“Se me agrada tudo que crie um pouco de ideal, temo o desenvolvimento excessivo do poder público que considero útil temporariamente, mas só num tempo curto. A censura é hoje um obstáculo à crítica construtiva. A pretexto de se eliminar a crítica demolidora e maldizente matou-se a crítica fiscalizadora, fez-se o silêncio à sombra do qual medram as mediocridades. Já no poder se vê com maus olhos que tratem cientificamente certas questões só porque as conclusões da ciência não harmonizam com os prejuízos de quem manda. É o abuso do poder, que não tem controle. Isto é mau, é vicioso, desvirtua o espírito público. Como seria útil estabelecer em bases concretas e acomodadas às forças do país, o código regulador da censura! Como está é o arbítrio do poder dos pobres homens que perdem noites a ler os jornais e estragá-los muitas vezes. Há uma crítica construtiva e moderadora dos impulsos hitlerianos e de certos pequenos déspotas. Construir e moderar seria obra de boa imprensa. Estive dois dias no norte a ver escolas (25 e 26) e por lá encontrei casos que justificam o que acabo de dizer sobre a imprensa.”

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